Carlos Drumond de Andrade
Francisco Martins de Almeida
Emílio Moura

Dados editoriais

Impressa em Belo Horizonte, A Revista foi pioneira do modernismo mineiro e marcou a primeira experiência do movimento fora do eixo São Paulo-Rio de Janeiro. A redação localizava-se na Avenida João Pinheiro, 565 e todos os números foram produzidos na tipografia do Diário de Minas, na Rua da Bahia, 1210-1220, jornal em que contribuíam alguns integrantes do grupo.

Optou-se pelo título enxuto e sem subtítulo que caracterizasse o teor moderno do periódico, sem desconsiderar o sentido estratégico de não antecipar sua proposta à sociedade mineira. Dos três números publicados, a ambição de periodicidade mensal foi cumprida nos dois primeiros exemplares, que circularam em julho e agosto de 1925, seguido de um hiato até o lançamento do terceiro e último número em janeiro de 1926. A direção ficou à cargo de Carlos Drummond de Andrade e Martins de Almeida, com Gregoriano Canêdo na função de redator. Sem informações sobre a tiragem, os números avulsos eram vendidos a 1$000, custando a subscrição semestral 6$000 e a anual em 12$000.

Se comparada às demais revistas modernistas da década, A Revista teve formato pequeno (14,5 x 22 cm), com cerca de 58 páginas por número. Com projeto gráfico bastante simples, sua capa em cor sóbria era destacada apenas pelo título em vermelho e a composição era completada pelo sumário exposto ao centro, um padrão visual característico de outras publicações contemporâneas no cenário editorial brasileiro, como o caso da Revista do Brasil (São Paulo, 1916-1925). Em seu interior, a diagramação era convencional, com letras miúdas, sobretudo se confrontada com a primeira revista modernista paulista, Klaxon (São Paulo, 1922-1923). O material iconográfico era encontrado apenas em clichês que compunham os anúncios da revista.

Entre o conteúdo literário de prosa e poesia, a revista apresentou diversas contribuições críticas sobre literatura nacional e internacional, sobretudo francesa. Também foram publicados artigos que debatiam aspectos do nacionalismo, regionalismo e tradição. Em relação aos colaboradores de A Revista, é notável a presença dos próprios integrantes do “Estrela” (grupo responsável pela publicação), além de alguns nomes de peso no cenário modernista nacional, com destaque para Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho. Em contrapartida, a publicação registrou colaborações ditas “passadistas”, dada a presença de nomes tradicionais do campo cultural mineiro, que pouco se relacionavam com a parcela vanguardista de A Revista.

Compreende-se o desaparecimento de A Revista pela dispersão do grupo responsável, que se afastou de Belo Horizonte. No entanto, os modernistas mineiros continuaram a contribuir com outras publicações do movimento.

Luciana Francisco