Prudente de Moraes, neto
Sérgio Buarque de Holanda

Dados editoriais

Estética, importante publicação do movimento modernista brasileiro, começou a circular em setembro de 1924 e estampou o subtítulo revista trimestral. Foram lançados dois outros números no ano seguinte: um, relativo aos meses de janeiro a março, e o último correspondente ao período de abril a junho. O impresso manteve periodicidade regular, o que nem sempre foi a marca das revistas de vanguarda.

A direção e a administração esteve sob a responsabilidade de Prudente de Moraes, neto e Sérgio Buarque de Holanda, então dois jovens estudantes da Faculdade Nacional de Direito. A revista não tinha sede própria, tanto que a redação localizava-se na Livraria Odeon, instalada na Avenida Rio Branco, 157, no Rio de Janeiro, indício da pouca profissionalização da empreitada. Apenas no primeiro número informa-se que a impressão estava a cargo da oficina gráfica Pestana & Irmãos, sediada na Rua D. Manoel, 20, mas graças à evocação de Prudente, presente na primeira edição fac-símile da revista, datada de 1974, sabe-se que os dois outros números ficaram a cargo dos irmãos Ponguetti, responsáveis pela gráfica editora Paulo, Pongetti & Cia, que se localizava na Avenida Mem de Sá, 67 e 68.

No que respeita à tiragem, não há qualquer informação no interior da revista, porém, o diretor também esclareceu que a mesma, prevista para mil exemplares, teve que ser reduzida a oitocentos, em função dos custos. Já o preço do número inaugural 2$000 (dois mil réis) foi majorado para 3$000 (três mil réis) a partir do subsequente e assim se manteve. Merece destaque o fato de a assinatura, no valor de 8$000 (oito mil réis), ser mencionada somente nos dois primeiros exemplares e, certamente abarcava quatro exemplares, ainda que o dado não estivesse especificado. Tais informações compunham página na qual se arrolavam nomes de futuros colaboradores, além de se dar a conhecer títulos e autores dos próximos artigos, o que era uma maneira de persuadir o leitor quanto à relevância da publicação.

No que respeita ao projeto gráfico, a revista destoava em relação à antecessora, pois Klaxon, mensário de arte moderna (SP, 1922-1923) distinguiu-se pelo arrojo da capa, enquanto Estética apresentava capa discreta, contendo informações essenciais acerca da publicação, inspirada no exemplo da inglesa The Criterion (Londres, 1922-1939). Os exemplares tinham em torno de 120 páginas, com boa legibilidade, elegante alternância no uso dos espaçamentos, famílias de letras, negritos e itálicos. Somente nos anúncios, aliás pouco numerosos, sempre idênticos e obtidos por meio de relações pessoas de Prudente de Moraes, neto, recorria-se às ilustrações. A despeito de não estarem assinadas, sabe-se que os desenhos relativos ao Guaraná Espumante e ao Chocolate Lacta eram de autoria de Pedro Nava, enquanto os charutos Dannemann valiam-se de clichê fornecido pela empresa. No segundo e no terceiro números, antecedendo o conteúdo propriamente dito, duas ou três páginas davam conta tanto de obras recém publicadas quanto de outras a aparecer.

Ainda segundo o Prudente de Moraes, neto, a revista foi distribuída no Rio de Janeiro, mas também em São Paulo, pela Livraria Garroux, então dirigida por José Olympio; em Belo Horizonte, aos cuidados de Pedro Nava e por Joaquim Inojosa no Recife e angariou pouco mais de duzentos sócios.

Estética reuniu um rol seleto de colaboradores, a exemplo de Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Graça Aranha, Renato de Almeida, Couto de Barros, Álvaro Moreyra, Menotti del Picchia, Carlos Drummond de Andrade, Sérgio Milliet, ao que se somam os textos, sobretudo de crítica, dos diretores. Primeiro órgão a ser impresso fora de São Paulo, cidade na qual se realizou em 1922 a Semana de Arte Moderna, problemas financeiros acabaram por inviabilizar a continuidade da publicação.

Helen de Oliveira Silva