Couto de Barros
António de Alcântara Machado
Sérgio Milliet

Dados editoriais

Terra Roxa e Outras Terras, segunda publicação modernista paulistana, trata-se de quinzenário que circulou no ano de 1926, num total de sete números. Segunda publicação modernista na perspectiva paulista, saída na capital após a Klaxon, de 1922, mas figurando como a quarta modernista no país, uma vez que a segunda seria a carioca Estética, de 1924 a 1925 e a terceira a mineira A Revista, de 1925.

Embora mencionada como revista, nos estudos sobre Modernismo, apresentou-se regularmente como “pequeno jornal literário”, sem capa, sendo cada número composto por quatro páginas, exceção feita a dois números de 6 páginas: o primeiro, de 20 de janeiro de 1926, quarta-feira, talvez pela necessidade de enriquecer sua apresentação publicizando seu propósito, de aquisição de uma carta de Anchieta de 15 de novembro de 1579, anunciada na Livraria Maggs Bros, de Londres, no valor de 200 libras, equivalente a trinta sacas de café; a segunda exceção vem do quinto número, de 27 de abril de 1926, terça-feira, provavelmente para coroar o feito a que se tinha prometido, a entrega da carta de Anchieta ao Museu Paulista. No mais, obedeceu ao número de quatro páginas até seu término em 17 de setembro de 1926.

Anunciada em todos os números como “Quinzenário”, fugiu algumas vezes da periodização quinzenal anunciada. Manteve-se na periodização proposta nos quatro primeiros meses, alargando a temporalidade prevista entre o quinto e o sexto números e entre o sexto e o sétimo, esse último retardado por mais de dois meses.

Com relação ao cabeçalho, Terra Roxa traz seu título centralizado em caixa alta, enquanto em tipos menores vem abaixo a sequência de “e outras terras”. Ainda no cabeçalho, à esquerda constam:

Periodização: Quinzenário

Redação e administração: Av. São João 96 (4º andar)

Já à direita tem-se:

Assinaturas por ano: Brasil – 12$000; Estrangeiro – 16$000; Número avulso - $500

Abaixo, tomando toda a extensão do cabeçalho, vêm os nomes dos responsáveis:

Diretores: A. C. Couto de Barros e Antonio Alcântara Machado

Secretário e administrador: Sérgio Milliet

Embora nos dados editoriais não conste o nome impresso de Paulo Prado, sabe-se que o fazendeiro paulista, estudioso da história do Estado, era o esteio da publicação, seja pelos aportes econômicos como pela contribuição em seções assinadas.

Na sequência, numa só linha, locais de impressão e informações tipográficas:

Composto em máquinas Linotype Mergenthaler e impresso na “Typ. Paulista” de José Napoli e Cia. Rua da Assembleia, 56-58 – São Paulo – Tel. Central 2192 [a mesma que fez Klaxon].

De sua lista de colaboradores por ordem alfabética, tem-se o nomes de: Affonso D’E. Taunay, Antonio Carlos Couto de Barros, Antonio de Alcântara Machado, Blaise Cendrars, Candido Motta Filho, Carlos Alberto de Araújo (pseudônimo de Tácito de Andrade de Almeida), Carlos Drummond (de Andrade), Clodomiro Santarém, Guilherme de Almeida, João Alphonsus, Jorge Fernandes, Luis da Câmara Cascudo, Luiza Guerreiro, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Martins de Almeida, Oswald de Andrade, Oswaldo Costa, Paulo Prado, Prudente de Moraes, neto, René Thiollier, Ribeiro Couto, Ronald de Carvalho, Sérgio Buarque de Holanda, Sérgio Milliet, Teobaldo Fagundes Vieira. Constam ainda os pseudônimos e iniciais: A. de A., A. de C., Pau D’Alho (Mário de Andrade), Teillin (Sérgio Milliet).

A despeito dessa plêiade de colaboradores, Terra Roxa não se propõe a ser publicação de debates e polêmicas, mas entre suas diversificadas seções e variação de colaboradores, resvala para críticas ácidas e acirradas. De amplo espectro temático, mantém, sem maior rigor, as seções fixas intituladas: Poesia, Pintura, Música, Esportes, Teatro, Romance.

Toda em preto e branco, sua diagramação não obedece a um modelo padrão, resultando em trato desordenado das seções e artigos, muitos deles interrompidos para prosseguimento nas páginas finais.

Quanto à publicidade, limita-se à propaganda de assinatura do próprio jornal ou veiculação de obras literárias modernistas, recém lançadas, a exemplo de Losango Cáqui, de Mário de Andrade, do poema Raça, de Guilherme de Almeida, ambas no número 1; no número 3, Toda a América, de Ronald de Carvalho, Pathé-Baby, de Antonio de Alcântara Machado. A exceção está no número 4 e 5, que traz a propaganda do carro Ajax.