Henrique de Resende
António Martins Mendes
Rosário Fusco
Gulhermino César
Francisco Inácio Peixoto

Dados editoriais

Na pequena cidade de Cataguases, no interior mineiro, o movimento modernista ganhou nova expressão com Verde, uma revista mensal de arte e cultura, conforme anunciada em seu subtítulo, alinhada aos ideais vanguardistas. Com periodicidade mensal irregular, a revista teve duas fases: a primeira delas estreou em setembro de 1927, com cinco números publicados até julho de 1928, quando lançaram número especial acompanhado de suplemento literário relativo aos meses em que não circulou; com apenas um número, a segunda fase retornou em maio de 1929, com edição especial em homenagem ao integrante do grupo Ascânio Lopes, falecido neste mesmo ano.

Conhecidos como o grupo verde, os responsáveis pela publicação despertaram curiosidade tanto por sua juventude, já que eram jovens estudantes recém saídos do ensino secundário, como também por lançarem os ideais modernistas em Cataguases, cidade de proporções modestas que, à época, contabilizava cerca de 16 mil habitantes e é situada a 300 km da capital Belo Horizonte. Neste mesmo período, Cataguases foi palco de mais uma manifestação moderna com Humberto Mauro, precursor do cinema brasileiro e colega do grupo verde.

Durante a primeira fase, a direção da revista ficou a cargo de Henrique de Resende e à redação por Antonio Martins Mendes e Rosário Fusco. No único volume da fase seguinte, assumiram a responsabilidade pela direção Henrique de Resende, Martins Mendes, Guilhermino César, Francisco Inácio Peixoto e Rosário Fusco. A redação e administração da revista localizavam-se na Rua Cel. Vieira, 53 e a impressão dos números estava a cargo da tipografia A Brasileira, com exceção do n.º 5, impresso nas oficinas do jornal Cataguases. Sem informações sobre a tiragem na revista, entretanto, graças à correspondência, sabe-se que as edições eram de 500 exemplares. Os preços na primeira fase eram de 1$00 réis o exemplar avulso e 11$000 a assinatura anual, com aumento no quinto número, que passou a custar 1$200 e se manteve neste preço na segunda fase.

Sem grandes inovações no aspecto visual, o projeto gráfico da capa modificou-se ao longo dos números, com simplificação na quantidade de adornos e detalhes que preenchiam os espaços vazios, mantendo-se característico o título estilizado e margens na cor verde, com o sumário apresentado ao centro. No que concerne ao material iconográfico, foram publicadas ilustrações de Rosário Fusco e colaborações estrangeiras, como os desenhos e xilogravura das argentinas Maria Clemencia e Norah Borges.

Em relação ao conteúdo, é expressiva a colaboração poética na revista, numericamente superior à prosa literária. Destacam-se também os textos de crítica literária que discutiam, sobretudo, a respeito dos rumos do movimento modernista em âmbito nacional e internacional. Entre seus colaboradores, Verde reuniu diversos grupos das vanguardas brasileiras, com maior mobilização dos mineiros de A Revista e os paulistas Mário de Andrade e Antônio Alcântara Machado. Além destes, figuraram colaborações internacionais, a saber, Blaise Cendrars e nomes ligados à vanguarda latino-americana, como os uruguaios Ildefonso Pereda Valdés e Nicolás Fusco Sansone, e o argentino Marcos Fingerit. Assim, Verde compôs ampla rede de intercâmbio cultural no cenário nacional e internacional.

O fim de Verde foi relacionado, por seus companheiros, à morte de Ascânio Lopes, no entanto, dificuldades financeiras do empreendimento e a dispersão do grupo em outras atividades prejudicaram a continuidade da revista em sua segunda fase.

Luciana Francisco