Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Ruben Borba de Moraes
Tácito de Almeida
Couto de Barros
Luís Aranha
Sérgio Milliet
Guilherme de Almeida
Yan de Almeida Prado

Dados editoriais

A revista Klaxon, lançada logo após a Semana de Arte Moderna de 1922, apresentava-se como mensário de arte moderna, possuía redação e administração localizadas na cidade de São Paulo e foi publicada de maio de 1922 a janeiro de 1923. O número avulso custava mil réis e a assinatura anual 12 mil réis. A partir da edição de número quatro, a impressão foi realizada na Tipografia Paulista, localizada na Rua da Assembleia, 56-58, São Paulo. A revista, que saia mensalmente, tinha 16 páginas, com exceção da derradeira edição, que trouxe os números 8 e 9, datada de dezembro de 1922 e janeiro de 1923, com o dobro de páginas.

O expediente não indicava direção, gerência ou propriedade, mas é possível notar a recorrência de colaborações dos principais membros do grupo que capitaneou a Semana de Arte Moderna. Informava que a redação não se responsabilizava pelas ideias de seus colaboradores e que os artigos assinados por pseudônimos seriam permitidos desde que a autoria ficasse registrada na redação. Havia informações sobre os representantes do periódico, a saber: Sérgio Buarque de Holanda, no Rio de Janeiro; Charles Baudouin, na edição inaugural em Genebra, Suíça, e, a partir da segunda edição, como representante em Paris; Albert Ciana, que substituiu Baudouin em Genebra; Roger Avermaete, em Antuérpia, Bélgica; e Joaquim Inojosa, no Recife.

O conteúdo da revista modernista distinguia-se pelo tom sarcástico e, por vezes, agressivo, buscando marcar as mudanças propostas pelos modernos em contraponto à produção dos ditos passadistas. Dentre os artigos, crônicas e poemas havia produções literárias em espanhol, italiano e francês.

Os literatos e artistas que assinaram os textos foram Guilherme de Almeida, Pedro Rodrigues de Almeida, Renato de Almeida, Mário de Andrade, Graça Aranha, Luiz Aranha, Carlos Alberto de Araujo, Roger Avermaete, A. O. Couto de Barros, Nicolas Bauduin, Manuel Bandeira, L. Charles Baudouin, Joseph Billiet, Claudius Caligaris, Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto, Gaetano Cristaldi, Menotti del Picchia, Luiz Aníbal Falcão, António Ferro, Sérgio Buarque de Holanda, Nico Harigoutchi, Durval Marcondes, Marcel Milliet, Rubens Borba de Moraes, Motta Filho, Henry Mugnier, Vin. Ragognetti, Plínio Salgado, Guilhermo de Torre. Além disso, Plínio Doyle1 afirmou serem de de Mário de Andrade as seguintes iniciais: G. de N., J. H. de A., M. de A., R., R. de M., V. L. A autora Cecília de Lara2 destaca que S. M. são iniciais de Sérgio Milliet; que A. C. B. era usada por Antonio Carlos Couto de Barros; e que Tácito de Almeida usou como pseudônimo o nome Carlos Alberto de Araujo. Ademais dos pseudônimos Interim e May Caprice, não identificados.

Sua capa, apesar de não ser assinada, trazia composição tipográfica de Guilherme de Almeida. A letra “A” do logotipo da revista foi apresentada ocupando toda a extensão vertical da capa de modo a compor a letra "a" das várias palavras do título, do subtítulo e do local de publicação. Além disso, a numeração da edição em destaque no rodapé da página foi apresentada com linha de base voltada para lateral esquerda, ou seja, rotacionada à 90 graus. A capa, impressa em duas cores que se alternavam, valia-se do preto para dar destaque à enorme letra A e ao número da edição.

O miolo da publicação era integralmente impresso em preto e valorizava as margens superiores e inferiores destacando, com o uso de negrito e corpo maior, o número da página, alocado no centro superior, e, também, o nome da revista, com grande espaçamento entre as letras para ocupar toda a largura da mancha gráfica na base das páginas. O conteúdo literário, como os poemas, eram compostos em uma coluna de texto alinhado à esquerda. Já os artigos e crônicas vinham dispostos em duas colunas, com calha para a divisão dos blocos de textos justificados. Era comum que os títulos tivessem destaque pelo uso de corpos maiores e negrito, contudo o alinhamento variava.

As imagens foram produzidas em folhas avulsas, em preto e encartadas no miolo da revista. Os autores das ilustrações pictóricas foram Di Cavalcanti, Victor de Brecheret, Yan de Almeida Prado, Zina Aita, Annita Malfatti, John Graz e Tarsila do Amaral.

Já os anúncios resumiram-se a apenas dois, presentes nas duas primeiras edições e projetados por Guilherme de Almeida. O primeiro, dos Chocolates Lacta, apresentava as palavras “coma” e “Lacta” repetidas vezes em composição assimétrica, e o segundo, do Guaraná Espumante, foi composto com um personagem de longa barba sobreposto por faixas com nomes de diferentes bebidas riscados e apenas o “guaraná espumante” sem rasura. Essas duas inserções publicitárias foram únicas e a revista publicou uma nota na edição de número 4 para dizer que não recomendava mais os dois produtos enquanto as fábricas não voltassem a anunciar em suas páginas. Além desses dois anúncios contratados, Klaxon publicizou os lançamentos de obras dos colaboradores em anúncios tipográficos com grande destaque e uso de corpos maiores, diferentes tipografias, além de ocuparem a terceira e/ou quarta capa. Ademais, estampou dois anúncios de empresas fantasiosas intituladas “Panuosopho, Pateromnium & Cia” e “Pantosopho, Pateromnium & Cia”. Tratava-se de “fábrica internacional de sonetos, madrigais, baladas e quadrinhas”, informando o preço dos produtos e o laboratório de análises químico-gramaticais, que teria sido montado em São Paulo para atender ao vasto público interessado.

Letícia Pedruzzi Fonseca


  1. Plínio Doyle, História de revistas e jornais literários, vol. 1, Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura, Fundação Casa de Rui Barbosa, 1976.↩︎

  2. Cecilia de Lara, Klaxon & Terra Roxa e outras terras: dois periódicos modernistas de São Paulo, São Paulo, IEB/USP, 1972.↩︎